quarta-feira, 9 de setembro de 2009

JACK ESCAPISM

acima de mim só o espelho embaçado.
eu digo que vou subir no próximo vagão de trem que surgir, rasgando o monótono céu azul-prateado.
ele me diz umas frases sem sentido, que talvez mais tarde, lá pela quinta cidade, eu entenderia.
eu queria ter ficado, jantado naquele dia insípido, o frango xadrez com a boa coca-cola - é claro que o fato de eu ter desejado o prato do dia seguinte tinha a ver com você, com sua sagacidade, com sua subversão aos meus dogmas e princípios infundáveis. por que eu adorava o jeito como você me cortava. como você conduzia minhas nóias de outubro á dezembro. de como você me deixava relaxada na poltrona azul-limão da mamãe. eu acendia todo-e quaisquer cigarro, só por que você gostava de me ver acender. só por que me dava uma graça divina. um poder sobrenatural. naquele momento eu era o quadro. eu era a criatura e você o criador. assim como nas nossas horas 'vagas' - doce ilusão do poder - que eu simplismente consentia á você. e você sabia. só por que era tão desejável quanto eu.
na sexta cidade meu peito doía, eu estava com fome, e os escapismos já não me faziam mais efeito...
eu queria ter dito: me pede pra ficar, me pede pra ficar...
eu acho meu orgulho mexe diretamente com meu estômago.
eu vejo pontos de você, picotados em cada cidade que eu passo.
você já teve barba, dread, cabelos avermelhados e mais musculoso.
nenhum tinha sua ira maternal.
ninguém era tão casual quanto você.
eu esperava te ver em cada taça de vinho barato, eu até te via.
imagine você...
você devia ter me impedido, devia ter me boicotado...
mas, talvez nós acabassemos ali.
você me impedindo, eu vazando ódio...
...foi melhor.
guardo você.
seu cigarro é sempre o último, é sempre o mais demorado.
me peça pra voltar, que eu volto.
me peça pra partir daqui, que eu parto...
'Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais'

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