terça-feira, 20 de outubro de 2009

Vento

é estranho esse andar... esse movimento constante me balança pra onde eu deveria ir.
e é tão difícil acompanhar aquela música, esse ritmo que toca, que faz doer.
e agora sinceramente eu queria ser mais um pouco de você para que eu podesse me ver um pouco mais.
distante.
assim quem sabe eu poderia me sentir um pouco menos pesada.
e não seria eu responsável por tudo o que se situa entre mim e você.
entre você e além de mim.

é um ritmo.
sempre os mesmos acordes.
as mesmas batidas nos mesmos locais mais inflamados.
o mesmo toque numa intensidade diferente.
tudo se repetindo.
uma orquestra infernal tocando desafinadamente poemas...
...e quando eu acho que estou entediada
meu pequeno clown me faz entender...
que a dança continua mesmo com meus restos ao chão.
que o teatro é sagradamente patético.
que não se há mais nada a desejar
além de projeções alheias em paredes inclinadas.

há uma mulher ali vagando
esperando quem sabe quem
esperando um lugar a pertencer
ela tem vestido rodado daqueles que balançam com o vento
e tenho inveja do seu caminhar
se eu pudesse eu a tocava
aquela mulher que desliza entre as calçadas
e que faz um som a mais naquele mundo
ela balança mas não reage
é como um galho daquelas árvores que sempre vejo em sonhos

apenas esqueço... e já não sinto mais.
mais nada
além de mim sem você.

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