quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A ordem das coisas

Eu vou te esperar no quintal
de pernas cruzadas sobre a grama molhada
que eu não fiz questão preparar para outros além de nós três,
onde tudo é tão à vontade

Depois de tudo,
quando nada mais desse mundo restar,
minha imagem sobre a grama, pernas cruzadas e camiseta branca, olhando para um bebê e para a íris dos teus olhos por através de uma lente qualquer,
não trará nada além de nostalgia a um cósmico alguém
pós-apocalíptico.


Eu vou te esperar
e você vai nos ver aprendendo a andar emoldurados pela janela
enquanto a água condensa na parede e meu pão com manteiga esfria no pratinho branco.
Ela vai gostar que tiremos as bordas do pão e é por isso que te esperamos.
Apenas num futuro muito distante não entenderão meus lábios quando eu,
ao te vir distraída
nos espiando pela janela embassada de água do café e orvalho da manhã, disser:
- Eu te amo.

Enquanto o passado se repete dentro da caixinha,
contando dias e viagens para os valores sentimentais que guardarmos nas coisas,
numa gaveta esquecida dentro do quarto ainda desarrumado.
Enquanto nossos três risos o desarrumam mais ainda.
Rolando sobre a cama, fingindo fugir das cócegas, ecoando pelo corredor e voando
feito pó pela janela.
O céu vai esquecer que um dia foi azul,
ser de uma infinitude branca que abraça o mundo
nos deixar dormir em plena manhã nublada do dia que quisermos que seja.

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