quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Escuta

Grande, monstruoso amor
desentendido, despedaçado.
Permanecestes sozinho em muitas viagens na vida.
Caminhas sozinho em muitos caminhos da vida.

Eu posso dividir meu segredo com você se disser em qual das minhas mãos ele está. Qual dessas duas mãos sempre tão cheias de dedos, que dedilham fios de cabelo e fios de navalha. Sangrando o mesmo sangue e tocando os mesmos acordes. O mesmo arpejo que resume a vida.

Menos segredo ele será. Nosso segredo a dois
nos torna um
e incompleto. Mas antes de ser eu,
sou o outro.
Quando você não me tem por inteiro - me des-inteiro - me desfaço, desintegro, despedaço. À deriva minhas peças de quebra-cabeças flutuam dentro de bolhas de sabão e me remontam pelo que eu quero te ser. Eu, esse monstro de costuras aparentes, sentidos hipertrofos, trocando pares e pedaços como numa dança de grandes salões.
Sem segredos, nos completamos, você a mim e eu ao nosso amor, até que indolor verdade leve-nos a nossas posições. Sem pares, sem peças, sem existência.

4 comentários:

  1. Iêêê! Muito bom... Gostei bastante desse! ^^"
    Viva! \o/

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  2. *---------------*
    Amei esse trecho:
    "Eu posso dividir meu segredo com você se disser em qual das minhas mãos ele está. Qual dessas duas mãos sempre tão cheias de dedos, que dedilham fios de cabelo e fios de navalha. Sangrando o mesmo sangue e tocando os mesmos acordes. O mesmo arpejo que resume a vida."

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