quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Abrindo portas sem mescalina.

Vou me trocar em miúdos ali atrás porta do banheiro social. Você não verá, não hoje, que está muito óbvio. Hoje nós vamos apenas olhar para o céu e eu vou te dizer que no meu mundo perfeito existe sempre uma antena cortando o firmamento. É belo como a foto que você tirou de pescoço estirado para cima e olhar estirado sabe lá deus para que vácuo. Se você quer compreender apenas admita que a unha do seu dedo mindinho do pé está tão existencialmente preocupada quanto o nosso cego e arrogante "eu". Assim todas essas antenas ganham um ar de quem observa permanente a impermanência inevitável das nuvens púrpuras da noite escura. E você aí pensando que entidade invisível escrita em que livro sagrado rege o seu destino. Pergunte a elas como é ser levado pelo vento de um horizonte a outro, numa lentidão que dá a certeza do despropósito, apenas pra servir de cama para o sol. Mas não deve haver espanto quando a voz de uma nuvem se desfizer na voz aguda de infinitas partículas subatômicas que abrigam sim um universo em cada uma. Quando percebermos que se lilipute pode estar num grão de poeira do nosso livro menos lido, existem ainda muitas bibliotecas empoeiradas nas esquinas de lilipute.

E é por tudo isso que eu não chateio os bonecos da minha estante tecendo a ponto cruzado considerações sobre a incapacidade do meu próximo de entender que qualquer um é capaz de dormir com o cabelo azul e acordar encarando a própria alma preparando um misto quente na cozinha de casa. Imagine então a insignificância que é mudar de opinião sobre a combinação de roupas de um alguém tão conhecidamente indeciso como o amor, perante o sacrifício bíblico que representa a atitude da antena.

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