segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O marinheiro Ian

Esperanza para a terra,
Esperanza para a terra.

Eu queria alguém para quem cantar. Mas vocês parecem tão longe que até parecem o passado. Eu sei que estão aí, presentes, cada um é o próximo do outro e é amado como a palavra manda ser. Eu não me sinto mais o próximo de ninguém. Esse céu amarelo queimado de luz morrente, não é de Deus, não. Porque se fosse Dele tinha um passarinho, tinha passarão, e como tudo que se compre na omnisciência, o passarão come o passarinho. Aqui, o homo não sapiens nem habilis nem mortuo. Eu não lembro porque não sei nem nunca soube ou um dia saberei. Esperanza para terra, nós chegamos. Aqui se descansou no sétimo dia, nós descansaremos até o que veio depois do segundo milésimo dos anos. Nós chegamos e não sabemos se queremos ficar ou como sair. Eu acho que iremos apenas ir. Eu deixo amores para fazer companhia aos meus beijos que ficaram, mas não mando lembranças nem qualquer outra coisa porque elas e tudo o mais já ficaram aí. Mando palavras para meus desamores, pois é só o que me resta, mas já não presta pra nada. É apenas para que não esqueçam. No embrulho das palaras vai um pedacinho da lua, ou pelo menos o que eu acho que o seja. Peço que coloquem ao lado do meu coração quando ele parecer apaixonado e, quando acontecer, que a dêem a ele um violão. Dia desses acordei pensando nas saudades que deixei, mas não tenho nada para mandar pra elas. Mas se elas ainda morarem lá em casa, eu queria que lembrassem a chave e a fechadura pra depois que se casarem, guardarem a minha mãe. O Timoneiro Ivan disse que mães são coisas sagradas, então é melhor guardar a minha pras saudades não ficarem brincando com ela, pode quebrar.

Daqui há muito o que se dizer, mas nada deve ser dito.
Devo ter deixado meus desejos dentro da gaveta mais baixa do guarda roupa, lá deve estar o desejo de que vocês encontrem todo o amor que O Poeta disse que a humanidade precisa, ou que alguém descubra uma terra boa para plantá-lo.

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