sábado, 13 de fevereiro de 2010

Ignore

Vou vomitar um pouco. Então não ponha os meus talheres. Não me reserve aquele lugar na mesa. Chame algum amigo seu. Alguma amiga mais íntima. Hoje eu estou intragável. Então não me beije. Não me olhe assim. Apenas não me abrace como de costume ou tente fazer graça com as mesmas piadas. Não tente fazer graça nenhuma. Porque hoje eu vomitei nos meus próprios pés. E continuo com essa ânsia. Esse mal estar. Esse mal estado. Sentada em uma cadeira qualquer quero passar o resto desse instante. Eu acho que tenho esse direito.
Sinto muito por não poder contribuir com seu sorriso hoje. Por apagar um pouco o seu brilho. Não queria chamar atenção. Apenas me reservei pra hoje. E não quero jantar o meu próprio vômito. Não insista em por a mesa no ângulo que eu gosto. Não se importe de colocar as flores visíveis. Melhor, nem compre flores. Ando um tanto enjoada de perfumes. Ando um tanto enjoada. De tudo um pouco em muito me enoja.
Eu concordo que o esforço é inútil, quando não se tem compensação. E hoje estou assim descompensada. “Uma loucura leve e doce faz bem de vez em quando.” Me disseram isso quando a sala se inclinava para atingir um novo ângulo. Um novo ponto de vista. Uma nova vista. E a conversa muda de assunto. Ou se muda a conversa pra se iniciar uma discussão. E não quero realmente isso. Esse falatório todo. Essas vozes invadindo o meu silêncio. Tentando colocar explicações na minha vida “errante”. Não se pode isso e aquilo se não fizer o outro.
Acho que deliro. É só um delírio, sim. De certa forma sempre foi. O que não é real pra você, faz todo o sentido pra mim. E não só isso. Aquilo também é importante. Não vou me colocar a prova... não me coloco em prova por qualquer pouca coisa que seja. Intensamente. Preciso que me diga que isso não é mais só eu. E que você entende perfeitamente o que quero dizer. Essa falta de sentido talvez me faça sentir importante quando escuto “eu entendo.”. É simples. Eu nunca disse que seria completamente complicado.

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