domingo, 1 de março de 2009

Os passarinhos fracos

-Não, eu não sei se vai funcionar.
Bom, das outras vezes funcionou, sabe como é né? O eterno retorno e tudo o mais. Se deu o mesmo problema é porque está pedindo a mesma solução. E eu não vou nem pensar em criar nada melhor, nada se cria mesmo, se tudo se repete então pra que essa briga toda? Esse filme é repetido mas até que é bom. Tem comédia, romance, aventura, é pra todas as idades. Oras, é Disney! Será mesmo que eles pensam que alguém gosta daquele rato? Ah! Mas não é rato. É camundongo. A verdade é que eu nunca conheci ninguém que diga ser fã dele. Acho que até o pluto tem mais capa de caderno. Enfim... é aquela coisa do marxismo. Queriam inventar um bonequinho simpático com quem todo mundo se identificasse. Daí eles criam um rato.
- Não, eu não sei o que eu estou fazendo.
Não que eu esteja dizendo que todo mundo deva odiar a Disney, boicotar a Coca-cola e virar vegetariano, pra mim nada consegue superar um bom churrasco e as propagandas de natal da coca são sempre emocionantes sem falar que aquele filme da Alice ainda é um marco no psicodelismo. Sei lá...é um caso a se pensar, afinal rato é rato, o yoda é um E.T. feio que fala errado e o homem aranha não passa de um “nerd” de sorte. Valorização da fraqueza. É ter uma espinha no meio do nariz e dizer que é charmoso. Isso não é normal, decididamente não é normal, os galãs hollywoodianos estão ficando cada vez mais feios, tem gente trocando Tom Cruise por Jim Carrey. Na natureza os passarinhos fracos não voam, caem do ninho e morrem, enquanto isso as livrarias estão cheias de galinhas ricas escrevendo sobre as próprias asas quebradas. Talvez Hitler não estivesse todo errado com os extermínios. Aliás, o pior erro dele foi mesmo aquele bigodinho ridículo. Eis a diferença entre Hitler e o James Bond. O bigodinho.
- Não, eu não vou mais tentar.
Grande! Agora eu vou pintar uma suástica nos peitos e sair por aí cuspindo nas pessoas. Era só o que me faltava mesmo. Dar algum crédito a um bigodinho daqueles. Logo eu, que sempre fui uma mulher que me levantei contra essas atrocidades.
- Não, eu não vou embora.
Eu vou a cozinha, eu vou ao banheiro, eu vou ao céu e às estrelas. Nada. Eu vou mesmo é a lugar nenhum, vou ficar aqui e resolver meus problemas, mesmo que da forma mais difícil. Claro que antes eu vou tentar a mais fácil de novo.
- Não, eu não vou desistir.
Eu tento, eu luto, eu penso em apelar pros santos. Eu uso tudo de mim, tudo ao meu redor. Tento o possível e o impossível.

Eu fracasso categoricamente.

- Não amor, eu não consegui.
Ele começa a se desesperar, e meu amor não suporta. É hora de tomar uma decisão.
- Amor... eu sinto muito, de verdade...
Eu quase choro.
- Mas acho que você vai ter de levantar e mudar de canal na TV mesmo. Acho que esse controle remoto não tem mais jeito.

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