quarta-feira, 25 de março de 2009

Vincent

Era uma vez um desejo,
Era uma vez uma caixa e um segredo,
Era uma vez um menino,
O pequeno vincent, tão rico, tão pobre, em um mundo tão grande sozinho.
Era uma vez o amor,
A vez de um renegado amor se inibir, um enterro,
E lá dentro de si o vazio,
Expressado no rosto em silêncio.
Era uma vez o desprezo,
Seria loucura ou mais um pesadelo?
Era uma vez um vazio...
Que esse mesmo menino, o vincent, cansa pra carregar...

Mas porque parar pra pensar em chorar?
Porque diabos a humanidade frenética virá a lhe consolar?
Se nenhuma de suas lágrimas será pela dor?

Pensando assim vincent se mudou.
O seu lar não é mais colorido.
O seu gesto não tem mais um motivo
Para mudar toda a dor que escondeu.
É triste a situação... Pra nós.
Não para vincent.
Mas na verdadeira morada dele os anjos serão ilusões,
As matas serão apenas matas
E a estrada brilhante não terá elegância.
Mas vincent continuará a cantar:
“Se essa rua, se essa rua fosse minha,
Eu mandava, eu mandava ladrilhar...”
Enquanto lembrar dela, recitará cada letra do verso,
E a cada verso um sorriso.
Ou a cada verso um soluço? Se possível...
Nada tenho a perder. Que medo eu hei de ter? Disse ele.
O que não tenho mais é dos vermes.
Na caixa, lacrada, enterrada.
A humanidade há de ver,
O que há nessa caixa ninguém há de ter.
Segredo é segredo. E a caixa é doença.
Ninguém vai querer vê?
Ninguém pára, vincent!
Você vê, nos outros, o que quer ver.
É o que pensam de você
Deixe que fique assim.

Pensando nisso vincent se mudou
Mas esse lar era mais colorido
Vincent não é mais um menino
E sonhou com o que desejou
No lugar onde os filhos brincavam
Era onde sua mulher elogiava
O pequeno grande Vincent
Que além de tudo se amava
E sabia que lá não há dor.
Mas o tempo passou, e então ele
Notou no que se enganou
O mundo de vincent é tão diferente!
As palavras já pairam no ar
As pessoas sentiam-se livres
E não tinham medo de amar.
Porque para vincent nada mais é pior
Ou no mundo dele ou dos outros
Que não poder se ver no espelho.

Era uma vez uma caixa
Enterrado com ela tinha o seu coração
Era uma vez um amor que no silêncio ficou
Para não ser em vão, mentiras serão?
Como provar algo agraciado com um simples olhar?
Mas o pequeno vincent continuava a se esforçar
E seu desejo era além da imaginação
Queria sentir o calor do abraço sem poder sentir medo
Mas nada há de ser tão desejado no mundo por vincent
Do que ter importância para os outros e para si mesmo.

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